quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O que te inspira?

O que te inspira?, uma vez perguntaram. Qualquer resposta lógica eu estaria mentindo. Das dezenas de livros pré-prontos na minha cabeça, com quase cada um de seus pontos colocados no devido lugar, nenhum deles surgira com fórmula mágica, com um modelo de comportamento necessário para que a inspiração emergisse. Ela surge, mas nem sempre. 

Como diria Picasso: se ela vier, que venha quando eu estiver trabalhando. Uma dose de diária de disciplina às vezes é melhor que qualquer rompante súbito. Mas isso ainda não responde o que me inspira, responde como eu respondo ao trabalho. 

Talvez o exemplo mais excêntrico das minhas inspirações tenha sido a vez que, em um segundo, um livro inteiro, pré-intitulado “Tirania”, que, explicando de forma porca, conta a historia de um jovem estudante que se torna um tirano usando apenas conhecimentos filosóficos, surgira em minha cabeça enquanto eu ouvia a música “Applause” da Lady Gaga. 

O leitor pode crer que a música não teria nenhuma relação com a inspiração em questão, mas eu explico. O trecho “I live for the applause”, ou “eu vivo pelo aplauso”, misturou-se com um conceito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, fresco em minha mente, cujo cerne é o ser humano viver para ser consumido – mais ou menos o que faço propositalmente aqui, neste texto. 

Não fosse o feedback ou a simples leitura de alguém, de nada ele serviria. Vivemos para o consumo. Dois tópicos distintos, que se uniram por uma frase, transformando-se em uma ideia. Inexplicável, mas acontece. Se repetirmos a pergunta: o que te inspira? Eu diria nada – ou tudo, depende do ponto de vista. Não existe fórmula e nunca irá existir. Idéias surgem com conhecimento, seja ele fútil ou útil. Mentes paradas não geram vida.




Nenhum comentário :

Postar um comentário